by Felipe Simão
Em seu segundo livro, Felipe Simão traz poesias que descrevem o seu período de depressão e que discutem o dilema entre a solidão profunda e o medo de se abrir para o mundo com suas invitáveis desilusões.<hr><p style='color:grey; font-size:0.75em;'> Hosted on Acast. See <a style='color:grey;' target='_blank' rel='noopener noreferrer' href='https://acast.com/privacy'>acast.com/privacy</a> for more information.</p>
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July 3, 2024
<p>Sou pequeno para as minhas emoções,</p><p>imenso de reflexões,</p><p>elas não cabem em mim,</p><p>contorço-me ao tentar acomodá-las,</p><p>sufoco-me tentando acalmá-las</p><p>e me esgoto na tentativa deixar explicado</p><p>o que elas não entendem,</p><p>meu comportamento metrado</p><p>naturalmente irracionais,</p><p>não me deixam em paz;</p><p>como podem compreender,</p><p>alguém que não sabe viver?</p><p> </p><p>Estou acostumado com o vazio,</p><p>o vazio não tem vez,</p><p>não tem vontade,</p><p>solidez,</p><p>não é impaciente,</p><p>não quer que eu me reinvente,</p><p>quando lhe viro as costas,</p><p>não exige respostas,</p><p>sequer me inquieta com perguntas;</p><p>o vazio nem se dá o trabalho de existir,</p><p>extenuação a qual não se pode dirigir,</p><p>é a ausência de emoção,</p><p>como o frio é a ausência de calor,</p><p>o desprezo inexistência de amor</p><p> </p><p>Durante muito tempo não me senti gélido,</p><p>pesadelo fantástico,</p><p>sensação de andar pelado no Ártico,</p><p>a gelidão nunca poderia me atingir,</p><p>afinal eu já era uma ausência de calor;</p><p>dilacerado por uma insensível dor</p><p>vivi um transe,</p><p>na inércia de sentimentos,</p><p>indolente criatura,</p><p>minha figura,</p><p>um seraco;</p><p>nesse amontoado caótico,</p><p>com meus sentimentos, despótico</p><p>resfriei-me de razão</p><p>e não temi a solidão;</p><p>inaparente egro,</p><p>todo o sofrimento caía no buraco negro,</p><p>no vazio dentro de mim,</p><p>eu não tinha limite, </p><p>não tinha fim</p><p> </p><p>Estava morto no interno</p><p>e vivo por fora,</p><p>era o mesmo na primavera ou no inverno</p><p>achava-me inabalável,</p><p>invencível,</p><p>mal sabia</p><p>que se tratava do longo efeito duma anestesia</p><p>hipnotizado no engano,</p><p>ano após ano,</p><p>sofria sem sentir</p><p> </p><p>Dessa época não tenho saudade,</p><p>pois tristeza e felicidade,</p><p>andam sempre de mãos dadas,</p><p>no peito, ambas guardadas,</p><p>verdade que ninguém gosta,</p><p>a vida é uma aposta,</p><p>tristeza negada,</p><p>é felicidade renunciada</p><p> </p><p>Sou urso polar em Copacabana</p><p>pertenço ao frio,</p><p>estirado no vazio,</p><p>é onde aprendi a viver</p><p>mas a esse lugar,</p><p>longe das ondas do mar,</p><p>nunca mais quero volver</p><br /><hr><p style='color:grey; font-size:0.75em;'> Hosted on Acast. See <a style='color:grey;' target='_blank' rel='noopener noreferrer' href='https://acast.com/privacy'>acast.com/privacy</a> for more information.</p>
July 3, 2024
<p>Trago uma lição em mim,</p><p>não existe sentimento ruim,</p><p>antes do “não” é preciso dizer “sim”;</p><p>negar uma emoção,</p><p>é sofrer indiferente à percepção</p><p> </p><p>A vida outrora cruel folia,</p><p>hoje com a sinceridade como guia,</p><p>minha manta,</p><p>pouco me espanta,</p><p>vejo tudo se naturalizar,</p><p>respiro a leveza do ar,</p><p>provo e é doce a água do mar;</p><p>verdadeira paz</p><p>destinada a todo aquele que é tenaz;</p><p>o destino se desfaz,</p><p>o futuro se reinventa,</p><p>aquilo que o presente não sustenta,</p><p>não vale correr atrás,</p><p>o que tentei,</p><p>naquilo que falhei,</p><p>a garota que há dias amei,</p><p>não amo mais;</p><p>o riso me compraz,</p><p> e não pode ser clandestino,</p><p>mesmo que oriundo de ironia do destino</p><br /><hr><p style='color:grey; font-size:0.75em;'> Hosted on Acast. See <a style='color:grey;' target='_blank' rel='noopener noreferrer' href='https://acast.com/privacy'>acast.com/privacy</a> for more information.</p>
July 3, 2024
<p>Poemas de tristeza</p><p>que me atêm à mesa,</p><p>sempre mais um a escrever;</p><p>o tempo lá fora passando sem eu perceber</p><p> </p><p>Poemas de tristeza</p><p>que contam a natureza</p><p>de minhas desilusões</p><p>que tatuam no papel minhas frustrações;</p><p>o mel,</p><p>que termina com gosto de fel,</p><p>destino sempre tão cruel,</p><p>já espero para o futuro o desvéu</p><p>duma ilusão</p><p>quando ela voltar, direi “não”</p><p> </p><p>Poemas de tristeza</p><p>se um dia por proeza</p><p>não me virão mais</p><p>a inspiração será pequena demais,</p><p>a tristura é a verdadeira matriz,</p><p>um sorriso feliz</p><p>tem poucas palavras,</p><p>as que o choro me diz</p><p>são tantas</p><p>e se por elas não te encantas,</p><p>sinto por ti pena,</p><p>tu te perdes no teu amargor </p><p>desconhecendo o valor </p><p>das lágrimas dum poema</p><br /><hr><p style='color:grey; font-size:0.75em;'> Hosted on Acast. See <a style='color:grey;' target='_blank' rel='noopener noreferrer' href='https://acast.com/privacy'>acast.com/privacy</a> for more information.</p>
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